Aos meus pais… o amor que tenho.

     Querido diário… Que final de semana foi esse? Coisas estranhas aconteceram, mas isso não é novidade. Nem acho que vivo em um mundo igual ao dos outros mesmo. Mas enfim. Hoje não vim falar disso. Vim falar sobre o dia de hoje: DIA DOS PAIS! Apesar dos pesares, agradeço muito por ter meu pai perto de mim. Sinto porque meu vô não é vivo mais. Vô é como um pai também… Quando o meu vô paterno se foi, eu tinha pouquíssima idade. Uns 7 anos. Mas me lembro dele e da voz dele com perfeição. Abracei meu pai e meu vô materno; mesmo sendo singela, prestei minha homenagem a eles hoje. Mas não tive meu vô Ari pra abraçar.. É assim a 11 anos. Como era pequena, não lembro de nenhum dia dos pais com ele. Mas tenho as melhores lembranças do mundo ao lado daquele grandalhão de cabelos brancos. Resolvi hoje contar nesse meu querido diário o pouco que lembro dele: meu pai, minha mãe e eu tínhamos os dias certos pra ir na casa dele. Quando eu chagava lá, ia diretinho pra cozinha. Parava em frente um armário, que até hoje existe, e esperava minha vó entregar o chocolate e a pêra que ele tinha comprado pra mim. Ao lembrar disso agora, meus olhos se encheram de lágrimas. Lembro como se isso tivesse acontecido hoje de manhã. Tava sempre lá, no mesmo lugar me esperando. Dentro do bolso, ele tinha daqueles pentes marrons… Que vendia nas “vendas“. Depois de aproveitar meu chocolate e minha pêra, eu ia mexer no cabelo dele. Hoje, ninguém mexe no meu e eu não gosto de mexer no de ninguém.

     Um dia descobri que ele estava doente… Muito doente. E eu quis vê-lo. Não tinha idade pra entrar no hospital, mas meu pai prometeu dar um jeito. A janela do quarto em que ele estava dava pra rua. Meu pai me colocou nos ombros e me ergueu para que pudesse vê-lo. E eu vi meu grandalhão dormindo com um monte de aparelhos ligados do lado. Foi rápido, só lembro disso. Depois, quando ele saiu, minha mãe ia na casa dele todo dia. E eu junto. Não me recordo da minha irmã, ela era bebê ainda.

     Tempos depois, resolveram levar ele pra cidade onde a irmã mais velha do meu pai morava. O hospital de lá era melhor, talvez pudesse ajudar. Fui me despedir dele e lembro até do hoje jeito como ele estava deitado na cama. Poucas vezes vi meu vô tão feliz. Eu acho que as coisas pioraram por lá e meu pai foi chamado. No hospital, meu vozinho queria biscoito. E quem foi levar? EUU ! Outra vez meu pai me pegou no colo e me mandou jogar pelo buraco na janela. Caiu em cima da barriga dele. Ele virou o rosto, me olhou e sorriu. Foi a última vez que vi meu avô.

     Já em casa, o telefone tocou. Eu atendi. Era um conhecido da família que mandou chamar minha mãe. Quando ela desligou, olhou pra mim e disse: “ – Seu avô morreu.” Certo… E o que é morrer mesmo? Ele foi pra onde agora? O que aconteceu com ele? Sei que não pude mais pentear os cabelos brancos dele. Quando ia na casa dele, nem adiantava ir na cozinha. Não tinha mais quem comprava meus alimentos preferidos. Voltei a comer pêra quando minha afilhada começou a comer frutas. Fui dar pra ela e acabei comendo um pedaço também. Isso tem 1 ano e pouco. Quando coloquei aquele pedaçinho na boca lembrei dele… E doeu tudo por dentro.

     Restaram as coisas que ele me deu de presente; as fotos; as lembranças; o cheiro do chocolate e da pêra. Sempre quando vejo um pente igual ao que ele tinha, é como se sentisse a textura dos cabelos branquinhos dele. Olho pro meu pai e sinto que terei os cabelos brancos de volta. Os dele estão ficando idênticos.

     Sei que ele ainda se lembra de mim… E que vai sempre me amar. Neste dia dos pais, tenho o meu pai e meu vô Milton. E que anda teimoso. Quem acompanha meu dia-a-dia sabe como fico desesperada quando ele está doente. É meu outro pai. E hoje o dia teve eles. E meu vô Ari no coração! Sempre!

     Feliz Dia dos Pais, pai, vô Milton e vô Ari!

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6 respostas para Aos meus pais… o amor que tenho.

  1. Arllen dos Reis disse:

    Sábias palavra q você uspo para falar sobre os dias dos pais!
    Adorei

  2. Bruna Savioli disse:

    Meus olhos também se encheram de lágrimas . sinto muita falta dele . tenho a impressão que se nosso Vô Ari ainda estivesse aqui, tudo seria diferente . É uma pena que não tive tanto contato com ele como você teve ! Queria muito ter vivido mais um puco ao lado dele ! Eu sei que hoje ele segue nossos passos de onde quer que ele esteja !

  3. Tempo que passa e sufoca. Por várias vezes neste dia veio até meu pensamento muitas interrogações.

    Já que a conversa vai para mais o lado de avô do que pai, jamais irei esquecer do dia de hoje onde que fiz sei lá depois de quanto tempo meu vôvô (assim que o chamo) chutar uma bola, mesmo que na cadeira de rodas. Fazê-lo jogar uma bola com a mão e gritar gol e rir, rir e rirrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr. O final, é o mais forte. O papo sobre política rolava e, ele num cantinho isolado vendo os 3 netinhos correndo atrás da bola ( e ria e ria disso), até que o chamei para o centro da conversa com meu pai e outros dois tios. Fiquei de frente com ele, coloquei a mão no colo dele e fiquei por alguns minutos conversando e fazendo graça com o velho.

    Depois disso, fiz ele sair da cadeira, e o encorajei para andar no andador. E assim foi até entar no carro do meu tio, para levá-lo até sua casa.

    O rosto misturava felicidade, incerteza e sei lá mais o quê.

    Resumindo: será um dia que oscilará a felicidade do presente, com a dor do futuro que infelizmente terei que enfrentar.

    “E eu entrei numa astronave”.

  4. Bruninho Valeriano disse:

    Q isso hein??? maninha surpreende a cada dia q passa…. como tâmo pensando mto em vestibular…. redação sei que vc vai tirar de letra….. um tópico mais interessante e verdadeiro o que o outro…. simplismente…..amei

  5. ~ tui disse:

    Parabéns pelo post, muito lindo. Sem mais (não nem o que falar diante de uma coisa tão linda).

  6. Luiza disse:

    Amei seu texto sobre os dias dos pais! Muito bacan mesmo, reflete a saudade dque todos nós temos das pessoas queridas com quem não podemos estar para o resto de nossas vidas – apesar de ser esse o nosso desejo.
    Impossível não se emocionar, muito lindo! Parabéns!

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